ÍDOLOS DO BRASILEIRÃO #8: Tostão, Cruzeiro.


"Por combinar o que há de melhor no craque europeu e sul-americano, e o que há de melhor nas velhas artes e nas novas ciências de jogo, ele bem poderia ser o símbolo perfeito de uma grande Copa do Mundo em 1974. Só de pensar nisso o coração bate mais forte", linhas de Hugh McIlvanney, às vésperas da Copa do Mundo da Alemanha Ocidental. Não seria uma Copa qualquer, até porque toda Copa do Mundo tem o seu charme especial, por diferentes motivos, dessa vez, o que rechearia o maior espetáculo da Terra seria a grande presença de craques de diferentes nacionalidades, o holandês Cruijff, o polonês velocista Lato, a Alemanha Ocidental de Muller e Beckenbauer. E um Brasil enfraquecido, o defensor do título ia a campo sem Pelé, Carlos Alberto e Clodoaldo. E Tostão.


Quatro anos antes, o Brasil conquistava seu tricampeonato, na Copa do México. O mundo todo viu aquela como a Copa de Pelé, a consagração do maior jogador de futebol de todos os tempos, o ápice e trágico desfecho do maior craque que o mundo já viu. Tostão, que fez um esforço sobre-humano para disputar a Copa de 1970, que foi como uma incógnita ao México, e nas seis partidas da competição, desfilou o seu elegantíssimo futebol para o mundo inteiro, e ao lado de Pelé, Rivellino, Gérson, Jairzinho e tantos outros igualmente fantásticos, fez parte daquele que talvez seja o melhor plantel da história da seleção brasileira - se não o melhor, um dos.

Tostão, que reunião a tática europeia e a técnica sul-americana, que foi, para muitos, o jogador mais importante da conquista do tri, a crônica esportiva naquele ano - e eu particularmente - discordou da afirmação, um time com tantos craques, que jogava tão bonito, não podia ter um destaque somente, o melhor não foi Pelé, nem Jairzinho e nem Tostão, havia de ter sido o conjunto. Mas não é disso que vive o futebol, precisa-se do melhor, de um que se destaque. O Mineirinho de Ouro era incansável, largava a grande área às moscas, ia na esquerda, na direita, buscava o jogo na intermediária. Defensivamente era impecável, atravessava o campo para dobrar a marcação sobre o atacante adversário, pode se dizer sim, que Tostão destacou-se mais do que os outros neste aspecto, sim.

Eduardo Gonçalves de Andrade, nascido no dia 25 de janeiro de 1947 em Belo Horizonte. Era um gigante em campo, será eternamente lembrado pela sua entrega, mas acima de tudo, pela sua incrível capacidade de jogar futebol com alegria e inteligência de forma simultânea. O títulos brasileiro pelo Cruzeiro em 1966, sobre o Santos de Pelé, Pepe e Coutinho, fez com que o Rei Branco se tornasse ídolo incontestável da torcida cruzeirense, também conquistou cinco títulos mineiros.

Era 1969, Tostão era titular da seleção brasileira, em partida contra o Millonarios de Bogotá, Tostão dominava a redonda no meio de campo, quando se viu cercado por três adversários vindo em sua direção, conseguiu driblar dois, mas não evitou o choque com o zagueiro Castaños, saiu de campo com o olho esquerdo lesionado, o que preocupou a todos. O golpe final veio em setembro do mesmo ano, incansável, como de costume, foi pressionar a saída de bola em uma partida contra o Corinthians, Ditão, zagueiro corintiano, ao perceber a aproximação do craque, tentou espanar a bola o mais rápido possível, a bola atingiu o mesmo olho esquerdo de Tostão, o chute foi tão potente que o atacante caiu no chão, inconsciente, e só acordou no hospital com o olho enfaixado. Sob o risco de ficar cego, Tostão teve que encerrar sua carreira em 1973, aos 27 anos recém-completos.

Não pôde ir à Copa de 1974. A maior esperança brasileira - e mundial - de futebol arte àquela época, chegava a seu fim. Tostão era o futuro do futebol. Se não pôde mostrar a sua classe nos campos alemães, se não pôde encantar o mundo, apenas mais uma vez, fez o país inteiro sublimar suas tristezas. Muito triste. Se não pôde ser o símbolo maior do futebol arte em 1974, quem perdeu foi o futebol.

Postagens mais visitadas deste blog

ESPN e Disney Plus forçam o fã de Premier League no Brasil à pirataria

Luiz Adriano afirma desejo de voltar ao Brasil