ÍDOLOS DO BRASILEIRÃO #11: Túlio Maravilha, Goiás.


"É o sopro divino que ninguém ousa explicar, assim como o rouxinol veio ao mundo com a sina de cantar, Túlio veio ao mundo com o dom de fazer gol. O repertório de Túlio é inesgotável, ora, a seta certeira é o pé direito, ora, o pé esquerdo, hoje dribla o goleiro, refinando o gol, amanhã ele chuta de primeira, agudo, como um raio, de cobertura, gol de cabeça, de calcanhar, gol de bicicleta" Armando Nogueira gostava de escrever sobre Túlio. O Maravilha é, sem dúvidas, um dos mais icônicos jogadores da história do futebol brasileiro.

Túlio Humberto Pereira Costa é o maior artilheiro da história do Goiás Esporte Clube, com 187 gols. Tornou-se o mais jovem artilheiro de uma edição de Campeonato Brasileiro, marcou 11 gols em 1989, com apenas vinte anos. Fazer gol para Túlio era fácil, bastava o time tocar a bola até a grande área, chegando ao seu destino, devia-se dar a bola para o camisa 7, entregue-o a bola. E saia do caminho. Deixa que Túlio resolve, ele sempre resolvia.

Túlio não era dono de um futebol fantástico, e sim de um futebol folclórico, marcando gols de todas as formas e maneiras, como conta Armando Nogueira: "...há de se inventar um tipo de gol que Túlio ainda não tenha marcado", além do poder de finalização e da frieza, o atacante também destacava-se pela velocidade aguçada, apostava corrida com qualquer zagueiro. E ganhava.

O episódio mais lembrado dentre todos vividos no Goiás por Túlio Maravilha não é uma vitória, é um empate. O ano era 1990, a competição era a Copa do Brasil, a segunda edição do torneio. O Goiás estava na final, eliminara o Cruzeiro, o Operário, o Atlético-MG e o Criciúma, e enfrentaria o Flamengo na final. Flamengo ainda de maestro Júnior, de Renato Gaúcho. No primeiro jogo da final, que ocoreu em Juiz de Fora, apesar da superioridade clara do Goiás, apesar do show de Túlio e Niltinho, o Flamengo venceu por 1-0, gol de Fernando. A decisão ficaria para o Serra Dourada.

7 de novembro de 1990. Goiânia. Estádio Serra Dourada. Mais de 45 mil ingressos vendidos, poucos menos de 40 mil loucos empurrando o esmeraldino freneticamente à vitória, ao título. Renato Marsiglia apitou dando início à partida, e logo aos cinco minutos, Niltinho driblou Júnior e lançou Túlio Maravilha, que cara-a-cara com Zé Carlos, chutou na trave esquerda. E o jogo foi assim, domínio total do alviverde, mas sem bola na rede. Até que aos 47, Túlio recebe a redonda na esquerda, levanta a cabeça, suor à testa, está sozinho no campo de ataque, Júnior vem dar combate, é driblado, Aílton tenta dar o bote e falha, outro drible de Túlio, Vitor Hugo foi na maldade, tentou acertar o camisa sete e parti-lo ao meio, em vão, com um corte magnífico, o atacante estava cara-a-cara com Zé Carlos, o goleiro veio seco, desesperado, e também foi fintado, com um drible de ombro inigualável, o gol estava aberto. Josué já estava ajoelhado, esgotado, usou suas últimas energias pra gritar: "Chuta, moleque!", Túlio chutou. Mas chutou mal. Em cima do goleiro rubro-negro, já batido. Fim de jogo, o Goiás deixara o título escapar.

Continuou no Goiás até 1992, levantou a taça do campeonato goiano em quatro oportunidades, 1987, 1989, 1990 e 1991, sendo o artilheiro no último, com 18 gols. Deixou o esmeraldino rumo ao suíço Sion, marcou 64 gols em 71 jogos, conquistou um título do Campeonato Suiço e levou o clube a uma semi-final de Liga dos Campeões, mas voltou ao Brasil em 1994 para o Botafogo, clube pelo qual também se tornaria ídolo, pelo alvinegro, foram 191 gols. Tornou-se o Rei do Rio.

Pela seleção brasileira, Túlio jogou 14 partidas e marcou oito gols, o mais marcante deles, contra a Argentina, na semi-final da Copa América de 1995, Túlio recebeu na área e dominou a bola com o braço esquerdo, para depois chutar e marcar o gol de empate da seleção, nos pênaltis, triunfo do Brasil, que mais tarde perderia para o Uruguai na final. O atacante brincou: "Foi 'La Mano de Túlio!'", em referência ao gol de mão marcado por Maradona, na Copa de 1986. Entre 1991 e 1995, anos em que o atacante foi convocado, Túlio jamais perdeu uma partida com a camisa amarelinha.

Túlio continua na briga para chegar ao seu tão sonhado gol 1000, já rodou por inúmeros clubes, de norte a sul do país. Atualmente encontra-se no seu tão amado Botafogo, disputando amistosos com uma equipe sub-23, está a dois gols do milésimo. O alvinegro já prometeu, o eterno ídolo será inscrito no brasileiro, e seu gol mil SERÁ em uma partida oficial.

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