ÍDOLOS DO BRASILEIRÃO #3: Bobô, Bahia


Era 1988, a Fonte Nova estava lotada, um surpreendente Bahia deixou o Brasil de boca aberta ao chegar as finais do Brasileiro daquele ano, passara pelo poderosíssimo Fluminense na semi-final, e teria como adversário naquela tarde o Internacional, que eliminara o grande rival Grêmio na semi-final, Leomir, Nílson e  Edu, um trio ofensivo de dar arrepios a qualquer equipe do mundo.

O tricolor apostava suas fichas em um meia, seu toque de classe, sua explosão e seu chute potente definiriam o grande campeão daquele ano. Bobô faria daquele 15 de fevereiro o melhor dia de sua vida. Era  a partida mais importante de toda uma carreira. 90 mil pessoas compareceram à Fonte Nova, ensandecidos até os 19 minutos, quando Leomir driblou meio time do Bahia e mandou pro gol, o Inter abria o placar.

Bobô não deixaria terminar assim, tinha uma dívida com as noventa mil pessoas presentes na Fonte Nova, a campanha linda não teria este desfecho trágico. Aos 36, Bobô lançou Marquinhos, Edinho cortou, mas a redonda voltou nos pés do dez. Bobô matou a no peito, ninguém a sua frente, a bola desesperada, parecia urrar "chute-me!", e chutou, no ângulo de um jovial Taffarel, era o empate do bahêa. O primeiro tempo terminara, Bobô não deu uma palavra sequer no vestiário, estava extremamente focado em vencer aquela partida. Logo aos cinco minutos, Zé Carlos passou por três e foi derrubado a centímetros da grande área, a posição perfeita para o maestro. Bobô tomou a bola em mãos, olhava fixamente para o goleiro, o estádio inteiro calara-se, era possível ouvir a respiração dos jogadores no ponto mais alto das arquibancadas da Fonte Nova, tomou pouca distância, chutou, que chute, Taffarel só olhou a bola varar a rede do canto esquerdo, uma bomba, a vitória era do Bahia.

Raimundo Nonato Tavares da Silva nasceu em 26 de novembro de 1962 em Senhor do Bonfim, na Bahia. Começou sua carreira no Catuense, da cidade de Catu, interior baiano, transferiu-se para o Bahia em 1985, e participou do tri-campeonato baiano (1986-88), e do título brasileiro de 88.

No primeiro jogo das finais em 1988, marcou os dois gols da vitória do tricolor em dois chutes violentos, sua característica principal era a forma que batia na bola, sempre firme e seco, quem viu Bobô jogar, diz que Roberto Carlos não chegava aos seus pés quando o assunto era bater forte na bola, os ruídos que seus chutes emitiam assemelhavam-se a trovões, quando acertava-os, eram indefensáveis. O segundo jogo das finais, no Beira-rio, terminou em zero a zero, o Bahia foi a Porto Alegre para se defender, e garantiu o título, surpreendendo a todo o país.

Depois de deixar o Bahia, ainda defendeu as cores de São Paulo, Flamengo, Fluminense, Corinthians, o mesmo Internacional do qual foi carrasco em 88, nunca com o mesmo brilho que conseguiu em Salvador, para depois voltar à terra do Bonfim e encerrar sua carreira no tricolor, aposentou-se com uma grande festa, em um empate por 0x0 contra o Vitória em 1997, levando às lágrimas oitenta mil pessoas na Fonte Nova.

Bobô já serviu o Bahia, sua equipe do coração, como treinador em 2002 e 2003, conquistando a Copa do Nordeste em 2002. Aguarda ansiosamente o dia que Tricolor de Aço reclamará seus serviços novamente, o sentinela tricolor, sempre alerta à espera do chamado.

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