Matadores da América #2 - Daniel Onega


El fantasma. Nunca uma alcunha caiu tão bem em um jogador de futebol como essa se encaixou em Daniel Onega. O atacante era arrepiante em frente ao gol. Nascido em Las Parejas, região de Santa Fé, o jovem Onega cresceu numa atmosfera recheada de futebol. Parceiro da bola desde pequeno, cresceu e mostrou bem as características de um tipo de atacante que viria a se tornar comum nos dias de hoje: um baixo centro de gravidade, velocidade espantosa, imprevisibilidade  com a bola nos pés e muita objetividade. Lembra um certo argentino detentor de quatro prêmios de melhor do mundo, não?

Talvez, outra palavra que se aplique bem a carreira de Onega seja “injustiçado”. Atuando ao lado do irmão Ermindo e da geração que incluiu mais três lendas do River Plate, Oscar Más, Luis Artime e José Ramos Delgado, Daniel teve o tremendo azar de brilhar num período em que os milionários de Núñez ficaram 18 anos sem levantar um troféu sequer. Por conseguinte, os feitos do atacante ficaram um tanto quanto apagados da história que alcança a todos, entrando mais para os almanaques específicos, de fãs e de entusiastas de estatística.

Capa da revista El Grafico, noticiando a ida de Onega para o Racing Club em 1973 (FOTO: Google)

Recordista, Onega detém até hoje o recorde único de mais gols em apenas uma edição da Copa Libertadores, com 17 tentos em 1966. É possível imaginar que algum centroavante consiga números parecidos hoje? As últimas edições da competição continental dizem que não. Em 2006, ano colorado, foram mais de 14 artilheiros, todos com 5 gols. Fechando a conta, Onega tem 31 gols em 47 jogos pelo torneio. Jogando por seu clube, números altamente reconhecíveis. Em duas passagens por Núñez, foram 252 atendências e 118 gols, contabilizando todas os campeonatos disputados. Também era exímio garçom, tendo servido por anos Oscar Más no ataque com belas assistências. Infelizmente, o número de troféus não saiu do zero, tendo batido na trave em Libertadores, na mesma edição em que obteve a glória da artilharia ao perder a final para o Peñarol de Spencer por 4x2. O River só encerrou seu jejum de conquistas em 1975, quando Onega já tinha rumado à Espanha para defender as cores do Córdoba, então na segunda divisão.

Onega em uma disputa de bola durante um clássico ante o Boca Juniors (FOTO:  Site River Millionarios)

A carreira de Onega tem um quê de frustrante justamente por falta de sorte. Anos e anos de gols e de atuações de gala sem nunca ser premiado com um troféu pesam contra o atacante, que só conquistou um troféu pelo Millionarios da Colômbia em 1978, justamente no fim da carreira e em seu último clube. Carrega ainda o estigma de nunca ter atuado em uma Copa do Mundo. Era um dos incontestáveis da seleção argentina que iria para a Copa de 1970, mas a alviceleste acabou eliminada das eliminatórias em plena La Bombonera, caindo diante do Peru. Marcado para sempre na história do River Plate, Daniel Onega é um ídolo da torcida e de toda a América por seu recorde. Reza a lenda que quem tenta se aproximar dos míticos 17 tentos é assombrado em campo pelo Fantasma. Anedotas do futebol, pois Onega ainda está vivo e até os dias de hoje é lembrado com alegria pela torcida millionaria. Núñez ainda não viu em sua cancha um atacante tão sobrenatural quanto Daniel Germán Onega.

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