Matadores da América #1 - Alberto Spencer




Ancón, Equador. Às margens do Pacífico e entre a pobreza local e a riqueza estrangeira dos campos de petróleo, nascia em 1937 um diamante negro que brilharia e valeria mais que qualquer outra preciosidade latina. Ainda era breve, apenas um garoto, mas o futebol em uma sua inconsciência sentença, já tinha uma destino traçado para o jovem Alberto Spencer, hoje reconhecido como o maior goleador da história da Copa Libertadores.

O Cabeça Mágica, alcunha que recebeu em Montevideu como jogador do Peñarol, tem origens bastante mistas. Seu pai era o jamaicano Walter Spencer e pouco se sabe sobre ele, apenas que tinha raízes britânicas. Sua mãe era a equatoriana América Herrera. Tendo ficado órfão de pai aos 9 anos, ao jovem Alberto só sobrou a companhia da bola de futebol. Em 1954, seu irmão mais velho, já à época um jogador profissional, percebeu o talento do mais novo e o levou para um teste em sua equipe, o Everest de Guayaquil. As portas do esporte bretão estavam abertas para Spencer.

Permaneceu por 5 anos no clube, um na base e os outros como profissional fechando sua passagem por lá com 90 jogos e pasmem, 101 gols. Marcou o primeiro gol, de cabeça, no dia 7 de Julho de 1955 contra a equipe do 9 de Octubre. Já a essa altura, Spencer tinha desenvolvido as aptidões necessárias a um bom cabeceador, o que lhe renderia anos mais tarde o apelido citado acima. Tinha 1,80m, altura relativamente comum para um atacante e por vezes até insuficiente no caso de um grande matador. O verdadeiro trunfo do equatoriano era a leveza. Com apenas 72 kg, conseguia uma grande impulsão e pairava sobre a defesa. O contato da pelota com sua testa era mortal.

Nos idos de 1959 para 1960, com a inauguração do Estádio Modelo de Guayaquil, o Everest fez uma série de amistosos, dois deles vitais para a carreira de Alberto. Contra o Huracán da Argentina, uma atuação irretocável que já chamou a atenção. Dois dias depois, enfrentou o seu futuro clube, o Peñarol. Mais uma brilhante atendência e Hugo Bagnulo, treinador do time uruguaio contratou o jovem jogador, então com 22 anos. Spencer só se apresentaria em Montevideu após o dia 17 de Fevereiro de 1960, quando jogou sua última partida com a camisa do Everest, um amistoso contra o Palmeiras.

Spencer com a camisa carbonera (FOTO: Examiner)

Pelo Peñarol, Spencer fez nada mais, nada menos que história. Chegando ao Uruguai no ano de 1960, o ano da primeira edição da Libertadores, logo na estréia marcou três gols. O adversário era o argentino Atlanta e o placar terminou apontando 6x3 para os carboneros. Ainda nesse ano, conquistou o título da competição continental, marcando na final contra o Olimpia (PAR). O revés ficou por conta da final da Copa Intercontinental. Depois de um 0-0 contra os merengues do Real Madrid na primeira partida, o Peñarol foi triturado na volta. 5-1 e o título ficou na Espanha. Em 1961, novo triunfo no Cone Sul. A vítima na final foi o Palmeiras, velho conhecido do atacante. Mais uma vez, ele deixou sua marca na decisão. No fim do ano, a redenção. O time aurinegro atropelou o Benfica na final da Intercontinental, com dois gols de Spencer. Em 1966, nova Libertadores (uma autêntica surra sobre o River Plate na final e triplete do matador) e nova Intercontinental. Nessa última, a esperada revanche contra os madrilenhos. Alberto não perdoou. Anotou outro triplete e foi bi campeão do torneio.
Em nível nacional, conquistou 8 vezes o Uruguai com a camisa preta e dourada, isso em 519 partidas, tendo ido às redes 326 vezes. Depois de dez anos bem sucedidos em Montevideu, voltou a Guayaquil e disputou sua última temporada pelo Barcelona. 34 partidas foram disputadas, 24 gols foram marcados e o título do Campeonato Equatoriano de 1971 foi conquistado. Pendurou as chuteiras em 1972, depois de ter comemorado em toda a carreira 528 gols.

Pelé e Spencer antes da final da Libertadores de 1962. Na ocasião, o brasileiro triunfou (FOTO: Wikipédia)

É um dos maiores ídolos da história do Peñarol, tendo participado da geração de ouro carbonera que dominou os primeiros anos da Libertadores e reinou absoluta no país. Nos anos finais de sua vida, Spencer atuou na política, sendo cônsul-geral do Equador no Uruguai. Faleceu em Cleveland, EUA em 2006, de ataque cardíaco. Alberto Pedro Herrera Spencer é o maior jogador de futebol do Equador e abre a série Matadores da América simplesmente por ser o maior deles. Com 54 gols, lidera com folga o ranking de maiores artilheiros de sempre da Libertadores e não é ameaçado por nenhum dos que estão em atividade. O recorde de Spencer vai perdurar por muito tempo e é impossível deixar de citar o atacante em qualquer lista que trate deste assunto. A carência de atiradores frios e mortais em frente ao gol faz com que o passado brilhante e glorioso deste equatoriano seja ainda mais gritante aos olhos analíticos de quem sabe a falta que faz uma rede balançado. Saudades eternas, Cabeça Mágica, ainda não nasceu outro como você.

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